Moto + viagem = Tá na alma

Guilherme Renso

Basta chegar o final de semana que muitos motociclistas espalhados pelo Brasil e pelo mundo arrumam as malas e caem na estrada. Opa. Cair não. Pegar. O Daniel Goulart da Silva, do Rio Grande do Sul, não é diferente. Diferente mesmo, e que podem te inspirar para que sigas esses percursos ou aprimore-os, são as histórias e experiências que ele nos contou. Todas vividas sobre duas rodas.

As viagens de longa distância entraram na vida de Daniel logo cedo, aos 18 anos, embora a paixão por esse veículo seja desde sempre. Mas como o nosso assunto é viagem, a primeira delas para fora do estado foi até Santa Catarina, onde passaria o final de semana em um encontro de apaixonados por motos. Passaria não. Passou. Mas por muito pouco o passeio não termina antes.

“Esse evento foi em 1999. O nosso destino final era a cidade de Criciúma. Eu tinha acabado de tirar a habilitação. Estávamos em três amigos quando, no meio do caminho, o motor de uma das motos explodiu. Conseguimos fazer contato com alguns colegas e um deles trouxe outro veículo para que pudéssemos continuar o percurso. Esse foi meu batismo”, relembra Daniel, entre risos.   

Falando em percursos mais longos, em 2006, Daniel e integrantes de seu grupo, o Servage da Estrada, romperam pela primeira vez fronteiras internacionais. O roteiro durou nove dias, ou 5.500 km,e incluiu pontos turísticos como a Cordilheira dos Andes, parte Chilena, e Mendoza, Argentina.  

Mais recentemente e ainda na América do Sul, na virada de 2014 para 2015, o advogado e outros membros do Servage seguiram da capital gaúcha até Machu Picchu, no Peru. “Passamos também, naquela ocasião, pela Bolívia e o lago Titicaca, que é o lago flutuável mais alto do mundo”, conta Goulart.   

Voltando ao território Brasil varonil, a Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina, é apontada por muitos como o Templo do Motociclismo no Sul do país. Conforme Daniel no conta, a estrada liga o município de Lauro Muller a Bom Jardim da Serra e São Joaquim. Destacam-se a natureza e a vegetação serrana, embora o ponto alto, e bota alto nisso, seja a subida de 670 metros, que culmina em um mirante instalado a 1.421 metros acima do nível do mar.   

Por fim, perguntamos a ele o que viajar de moto significava. A resposta veio em seu gauchês fluente (obs: sorte a nossa, do Brasil, ser tão rico em sotaques e culturas). “Tchê. Viajar de moto significa muita estrada, muita liberdade e muita amizade. Por ser moto e por você estar exposto às mais diversas variações térmicas sente o calor e o frio. Sente a natureza, o cheiro das árvores. São sensações que somente o motociclismo nos proporciona e só quem sente e gosta, pode explicar. Tá no sangue. Tá no espírito. Tá na alma”, finaliza Daniel.