Paranapiacaba e aquela vontade marota de voltar sempre!

Bia Pegoraro

É sempre revigorante visitar a Vila Inglesa de Paranapiacaba. E posso, felizmente, dizer que isso acontece com frequência, já que resido em Mauá, cidade praticamente vizinha - se compararmos com a distância de quase 62km da capital paulista. Perto, inclusive, o suficiente para que não haja programação prévia. Sabe aquela sensação de olhar pela janela e ver o domingo surgindo aos poucos, preguiçoso, com um sol que promete um céu de brigadeiro? Pois nesses dias é que Paranapiacaba fica bem interessante, embora sua característica principal seja a neblina, que aproxima seu cenário ao de Londres.

006-diver-foto-1-bia-panaramica-paranapiacaba

O surgimento

Não por coincidência, a vila inglesa – hoje, distrito pertencente a Santo André, no ABC Paulista -surgiu como um centro de controle e residência de funcionários da extinta companhia de trens São Paulo Railway, fundada pelo Barão de Mauá. Os ingleses, portanto, construíram suas casas de madeira, com varandas e portões baixinhos, ao estilo deles, deixando eternizada a tradição europeia para os paulistas se deliciarem em fotos e passeios.

Existem dois jeitos de entrar na vila de carro. No primeiro, o motorista avistará uma placa na rodovia que indicará a “parte baixa”. Nela, será necessário percorrer uma estrada de terra que levará até a vila. A segunda opção, e, na minha opinião a melhor e mais bonita, é seguir até a entrada da “parte alta”. Há um estacionamento grande para veículos (ele é gratuito, mas não é, entende? Digamos que existe uma segurança local, rs) bem em frente ao cemitério. Sim, você já chegará querendo sacar da boa e velha fotografia, ainda mais se a neblina já estiver dando o ar (neblina - ar ah ah) da graça.

006-diver-foto-2-bia-casas-estilo-ingles  

Prepare a câmera

Neste caminho, é necessário atravessar a ponte de metal que cruza a linha do trem. É nela que irá passar muito tempo fotografando até, finalmente, chegar à vila. Tudo porque o cenário pede. Confesso que, mesmo sendo uma visitante assídua, nunca resisto a uma paradinha.  Do alto da ponte, os turistas já avistam as casas vermelhas que, antes, abrigavam apenas famílias e, com os anos, foi ganhando espaço para o comércio local, com abertura de restaurantes, cafés, lojas de artesanato e pequenas e aconchegantes pousadas. É possível chegar à vila em um sábado de manhã e querer estender o passeio, principalmente se rolar uma trilha entre as matas que circundam Paranapiacaba.

 

006-diver-foto-3-bia-ferrovia

São três opções para os mais aventureiros (todas guiadas, é importante que haja esse conhecimento): Pontinha, Água Fria e Mirante. Esta última, como o nome diz, permite a visão da Baixada Santista, do alto dos seus 1000m de altitude.

Arte da mesa

Andou muito, já sabe. Bate aquela fome. Para a felicidade de todos, a Vila de Paranapiacaba atende a todos os paladares e bolsos. As opções de restaurantes com almoço por quilo são inúmeras, mas é preciso bater uma perninha pelas ruas de paralelepípedo. Um dos locais mais famosos, o bar da Zilda, passou recentemente por uma reforma e sempre está muito cheio. É o reduto dos motoqueiros e ciclistas. Caso você consiga fazer um planejamento da sua ida à Paranapiacaba, vale fazer uma reserva por telefone no charmoso Estação Cavern Club. Sim, faça uma reserva. O local é mais disputado que uma muda de Cambuci.

006-diver-foto-4-rua

Falando nele – o que, aliás, na minha opinião é um dos pontos mais importantes desse texto, o Cambuci maravilhoso não pode ser esquecido em hipótese nenhuma. E não precisa ser degustado no esquema cachaça. A fruta, típica da região, é encontrada por todos os lados, seja em um sorvete, cobertura de doces ou, como o meu paladar já teve a felicidade de provar, em forma de geleia, servindo de acompanhamento de uma – nada - humilde costelinha de porco. Ah, e pode se lambuzar sem culpa, pois o caminho de volta é ribanceira acima. Tudo tem seu preço.