Cidade no ABC Paulista abriga Santuário Nacional de Umbanda

Guilherme Renso

 

Antes de entrarmos propriamente no assunto de nossa conversa, que é oSantuário Nacional de Umbanda, localizado em Santo André - São Paulo, queria deixar uma reflexão sobre algo bem sério: o preconceito. Nesse aspecto, ele se caracteriza todas as vezes que julgamos e depreciamos algo religioso, sem termos a menor ideia do que se trata. Basta validar aquilo que a nossa imaginação acredita e, pronto, lá está o preconceito. Para mudar essa história, o caminho é o conhecimento. 

Falando em se abrir para conhecer o novo, eu fui conversar com a Mãe Camila Câmara, que mantém seu trabalho caritativo no Santuário Nacional de Umbanda. “Eu frequento centros há 21 anos, ou seja, desde os meus 14. Naquela época, meu pai foi em busca de tratamento em uma casa na cidade vizinha, Santo André, e eu fui junto. Quando eu cheguei lá, bati o olho e falei: aqui é o meu lugar. Todo o mundo olhou pra minha cara, sem entender nada. Eu precisava estar ali”, relembra a sacerdotisa umbandista com grau de ialorixá. 

No entanto, o centro tinha uma idade mínima de 15 anos para, como ela desejado, poder ser frequentado. Pois isso, a saída era aguardar. Ao deixar os 14, Camila não perdeu mais tempo. Vestiu o branco pela primeira vez e começou o seu desenvolvimento mediúnico.  “Quando eu entrei pra trabalhar mesmo, na corrente mediúnica, eles já me encaminharam direto para o desenvolvimento. Minha mediunidade sempre foi algo bem latente”, completa.

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O primeiro contato com o Santuário foi em 2005. Por lá, Camila mantém, quinzenalmente, o seu centro espírita, montado em uma das dezenas de tendas comunitárias. Dentre os elementos que mais atraem-a ao local, a mãe de santo aponta a energia, o contato com a natureza e as características preservadas, como a mata ao redor. Além disso, ela afirma que os arautos mediúnicos naquela região ficam mais potencializados.

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“Logo na entrada há banheiros enormes, com instalações acessíveis para pessoas com deficiência física. É tudo muito arrumado, com vestiário no fundo para que as pessoas possam se trocar. Quem quiser conhecer, passar o dia lá, fique tranquilo, pois há lanchonete bem grande, além de uma loja da federação com diversos artigos, como livros e velas”, explica.

Ainda segundo ela, há imagens instaladas em diversas partes do Santuário, inclusive na entrada, onde caboclos recebem os visitantes. A poucos metros dali, os pequenos e grandes santuários já podem ser vistos, sendo que, os primeiros mencionados são dedicados aos guias e, os maiores, aos orixás. Ainda nessa primeira parte, há uma casinha dos pretos velhos, com eles em tamanho real, e um espaço dedicado aos ciganos, aos baianos e o cruzeiro das almas, para que os adeptos daquela religião possam acender velas aos entes falecidos.

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Outro ponto bastante visitado é o Vale dos Orixás, com a imagem dos principais deles. “Em volta, há área para fazer as oferendas. Mas não acaba aí. No santuário há também lago, cachoeiras além de tendas como a minha. São muitas, sendo divididas entre fixas, da época que ainda era permitido, e as comunitárias”, conclui.

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Chega aí 

O Santuário Nacional de Umbanda fica naEstrada do Montanhão, 700 - Santo André. Há locais para estacionar nas partes internas e externas, inclusive ônibus de excursão. O estacionamento é gratuito.  A entrada custa R$ 12,00 por pessoa e o local abre ao público de terça a domingo.   

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