Na capital paulista, conheça a história de Bento do Portão

Guilherme Renso

O distrito de Santo Amaro, na capital paulista, abriga um centro de peregrinação religiosa que, apesar dos mais de cem anos de história, não é conhecido por muitos daqueles que creem no catolicismo. Estamos falando da morada eterna de Antônio Bento, ou somente Bento do Portão, no Cemitério homônimo àquela região.

Bento quem? Calma aí que a gente explica. Ele era um curandeiro de origem baiana, nascido em 29 de janeiro de 1875. Em certo momento de sua vida, Bento chegou à capital paulista e se instalou naquelas redondezas, fazendo amizades e começando a prestar pequenos serviços para algumas famílias. Entre esses núcleos, conheceu o de Isabel Schmidt, que hoje não só dá nome a uma rua próxima ao cemitério, como está enterrada lá e, em vida, servia o café da manhã ao Bento.

Mas, voltando aos pequenos serviços, quando tinha fome ou queria receber por seus trabalhos realizados, era no portão das casas que ficava esperando. Daí vem o nome tal como ficou conhecido: Bento (de curandeiro) do Portão, que foi encontrado sem vida na manhã de 29 de janeiro de 1875, deixando esse plano aos 42 anos.

Naquele dia, os moradores da região que conheciam Bento, uniram forças e fizeram um velório. Passados três anos do falecimento, a história conta que uma mulher, de identidade desconhecida, pediu uma graça ao curandeiro e teve seu pedido atendido. Mais quatro nessa linha do tempo e pessoas próximas resolveram exumar o corpo do homem. Foi então que, para a surpresa de todos, constatou-se que o mesmo estava intacto.  

Daí em diante começava de forma mais intensa à devoção a Bento do Portão, fortalecida em 2002, com a construção de um memorial, que pode ser visto já da entrada do cemitério. O local reúne, além de flores, que chegam a todo o momento, placas de agradecimentos por graças alcançadas e um velário.   

Falando em atribuição de graças, na página dedicada a ele em uma rede social, encontramos entre um like e outro, a agente de apoio socioeducativo Rose Meire Gonçalves.

“Na época que minha amiga apresentou-me a ele, eu passava por um processo administrativo e corria sério risco de ser mandada embora. Então resolvi ir túmulo do Bento e pedir que me ajudasse. Isso ocorreu há mais de 15 anos, no dia da celebração que lembra o seu falecimento. O final da história foi que peguei uma pena mínima e a vida se encarregou de mostrar, por meio de um amigo, que eu estava certa e tudo aquilo foi injusto. Até hoje, vou pelo menos uma vez ao ano visitar Bento”, relata Rose.  

Em uma dessas visitas, ela conta que esqueceu a chave do carro perto do túmulo de Bento e, quando estava indo embora, sentiu falta do objeto. “Ao voltarmos para procurar, um homem, vendo a nossa preocupação, perguntou o que estava acontecendo. Depois que explicamos, ele disse onde estava a chave, apontando. Depois disso, voltamos para agradecer e já não havia mais ninguém lá. Por essas e tantas outras eu sou grata a ele”, finaliza Rose.

Assim como ela, você também quer ir ao encontro do Bento? Então se liga aí nessa dica. Uma das opções mais fáceis é ir de trem até a estação Santo Amaro, que fica na linha 5, Lilás. De lá, há duas possibilidades: pegar uma carona naqueles aplicativos ou ir a pé mesmo, o que leva cerca de 30 minutos. O endereço é Rua Ministro Roberto Cardoso Alves, 186 - Santo Amaro.