Nossa experiência no Templo Zu Lai | parte 1

Guilherme Renso

Sinta o cheiro da natureza.  Ouça os pássaros cantando, se manifestando livremente, enquanto você caminha pelo chão repleto de pedregulhos e, depois, blocos de concreto. Esse é o caminho que te levará à escadaria do Templo Zu Lai, em CotiaSão Paulo. Apesar de não seguir o budismo, eu acredito que todas as religiões têm algo bom para dar, cada qual com o seu ponto de vista. Nesse caso, o algo bom a oferecer não demora muito a se apresentar.  

004-fe-foto1-budismo-entrada-templo-zu-lai

Estou falando de energia, saca? Um negócio que você não sabe ao certo como descrever, de tão imediato e intenso que é. Quando eu lá cheguei e, antes de encontrar-me com o discípulo Aristides Dias, o Arí, vi sentada em um banco aquela que, instantes mais tarde, se apresentaria como Marina Estela.

“Sempre que eu posso, procuro estar aqui, por três motivos: a egrégora que esse lugar emite, o intuito das pessoas e as monjas e monges. Já fiz aulas, com um mestre, de Kung Fu e Tai Chi Chuan. Sobre o significado dos mantras, eu não os entendo muito, mas eu os sinto. Essa parte da sinestesia pra mim é mais importante que a própria compreensão real. É muito mais o sentir do que o entender”, explica a frequentadora do Templo.

004-fe-foto2-frequentadora-templo

Já no diálogo com Ari, eu comecei perguntando algumas dúvidas que possivelmente leigos como eu também tenham. Na primeira resposta, ele explicou que a linha do budismo seguida no Templo Zu Lai é a Humanista, proveniente da China e que tem como foco a convivência e a colaboração entre as pessoas.  Ainda no contexto do Budismo Humanista, uma de suas ramificações é a Chan, que foca seus estudos na experiência pessoal de meditação. Já outra mencionada é a Terra Pura, originária da Índia e que tem como objetivo o estado contemplativo e a transformação das estruturas internas para, enfim, mudar a realidade.

O discípulo também detalhou o significado de um dos locais mais importantes do templo: o pátio, assim estruturado por representar a lei de causa e efeito, ou seja, o campo de cultivo de méritos. A inspiração, conforme ele revelou, vem do campo de cultivo de arroz. “Em cada passo na vida, nós estamos colhendo o nosso passado, fruto de nossas escolhas, e semeando o futuro, por meio do pensamento. O pensamento é a semente, a mente o campo e, o destino, a colheita”, revela.  

004-fe-foto3-patio-significado


Mas, voltando ao caminho que nos leva até o pátio, eu perguntei sobre a suástica, símbolo encontrado em algumas imagens instaladas também naquele percurso. Elas lá estão em um contexto puramente original desse objeto. Ou seja, o avanço, o progresso e a prosperidade, visto, dessa forma, como um elemento auspicioso.     

004-fe-foto4-buda-suastica

Já no meio da conversa, perguntei sobre o nome da capela principal onde os cultos são rezados. Aliás, usei aqueles termos na linha de cima justamente para frisar que, de capela principal e culto, o templo Zu Lai, e o Budismo, não tem nada. Conforme ele revelou, o nome do encontro é cerimônia e o ambiente onde elas são realizadas recebe o nome de Sala do Grande Herói.

Agora eu tenho duas notícias: a primeira é que essa prosa já está acabando. No entanto, a segunda é que com tanta coisa boa pra contar, ela vai continuar em breve. Ainda falaremos sobre como se tornar um monge, o significado das posturas dos Budas e muito mais. Combinado?  

004-fe-foto5-lago-ponte-zu-lai

 

Chega aí!

Enquanto isso, se você já se convenceu e quer ir até lá, vou dar algumas dicas. Via transporte público, a melhor opção é pegar a linha amarela do metrô e desembarcar na estação Butantã. De lá, na saída da estação, um cara, com um gogó poderoso, anuncia algo como “ônibus para Cotia”. É esse. Você pega, desembarca no quilômetro 29 da Rodovia Raposo Tavares e caminha até a Estrada Fernando Nobre. Chegando lá, ande mais um quilômetro e, à esquerda, aparecerá o Templo, no número 1461. O trajeto total, a partir da descida do ônibus, dura 20 minutos.  Se contato partindo da estação, uma hora.

Se preferir, pode ir com motoristas de aplicativos. Foi isso que eu fiz. Desembolsei R$ 40,00 em cada perna, saindo também do Butantã. A entrada é gratuita. Caso prefira ir de carro, há estacionamento.