Chegar. Ficar. Partir.

Mayara Tabone

Quem mora fora do país sabe como é a sensação de ir buscar um amigo e principalmente um familiar no aeroporto. Imaginem os meus sentimentos quando fui encontrar não apenas meus pais, mas meu avô de 90 anos, que estava fazendo sua primeira viagem internacional, minha avó e uma tia que não é de sangue, mas é como se fosse. Para quem não sabe qual a emoção, vou tentar contar um pouco. É um misto de ansiedade, saudades, felicidade, medo da hora que eles forem embora, vontade de agradar e preocupação. Cada segundo esperando-os no outro lado da sala de desembarque parece eterno.

No dia que eles compraram as passagens eu não acreditava e, ao mesmo tempo, em minha mente, já fazia planos sobre tudo o que gostaria de fazer. Pensava também nos lugares aonde iríamos, todos os detalhes do meu dia a dia que gostaria de mostrar para cada um deles, as conversas, as comidas que teria vontade de preparar para eles e mais um milhão de planos.

Mas tem um pequeno problema: o tempo passa muito mais rápido do que o planejado. Além disso, a vida não pode parar, as responsabilidades continuam, o trabalho chama, os projetos da faculdade seguem com os mesmos prazos de entrega e as aulas estão acontecendo. Então, a gente respira e aceita que é melhor deixar as coisas acontecerem e fazer de todo o possível para não deixar de aproveitar ao máximo o tempo com eles. E isso nós fizemos. Foram dias de muito sol e sorriso no rosto. Foram diversos lugares visitados. E que lugares. Também tivemos inúmeras conversas e tantos sonhos sonhados e realizados juntos.

Foram 13 dias que eles ficaram na minha casa. Sete pessoas em um apartamento de dois quartos e dois banheiros, colchões de ar pela casa toda, banheiro sempre ocupado, cozinha e sala movimentados. Nenhum minuto de silêncio. Que delicia! É aqui que você percebe que cresceu, que amadureceu, mas que ainda existe um cordão umbilical ou uma ligação sem tamanho e sem explicação. Acho que é amor que fala, né? São nesses momentos que percebemos que tem suas manias, os lugares que gosta de deixar suas coisas guardadas e sua forma de arrumar até seus utensílios de cozinha. Nada disso importa. Eles podem bagunçar e arrumar da maneira que quiserem. Faz parte do show e da vontade de dividir a o teto com eles novamente.



Morar sozinha e em outro país é delicioso, tem milhares de realizações e conquistas que você carrega com orgulho no peito. É aprender algo novo a cada dia e fazer escolhas que mudam o caminho da sua vida. Mas é também um buraco enorme no peito. Uma parte de você que nunca está completa (a não ser que tenha todos eles na sua casa!). É saber que para ter uma coisa,  precisa abrir mão de outras. Como é difícil saber qual é prioridade. É não ver seus avós envelhecerem e rezar para você ainda ter muitas oportunidades de encontrá-los.

O momento mais difícil, sem dúvida, foi levá-los ao aeroporto. Muitas lágrimas caem pelo rosto. Nenhum abraço é apertado suficiente para diminuir a dor no coração de dar tchau para sua família sem uma nova data para abraçá-los novamente. Como dói. Mas a certeza de que o amor e a ligação com eles são maiores que a distância que nos separa, acalma a alma e dá energia para lutar ainda mais pelos seus sonhos. É saber que cada sacrifício vale a pena e que você tem uma torcida enorme mandando vibrações positivas a cada segundo do dia deles, e do sono também.

 

Não sou do tipo de pessoa que fala o que cada um deve fazer ou tratar as pessoas que ame. Mas você que tem seus familiares por perto, não espera estar longe para falar que os ama, para dar um beijo de boa noite nos seus pais ou fazer uma ligação espontânea para os seus avós. A vida passa em um piscar de olhos e momentos com os responsáveis pela nossa existência são especiais e eternos.


Aproveito esse momento para agradecer meus pais Carlos e Cristina por serem verdadeiras rochas para mim e me darem gás para lutar para ser melhor a cada dia. Meu irmão Vinícius por ser alguém que eu tenho imenso orgulho e por estar perto dos nossos pais quando estou longe. Meus avós Américo e Laura por me ensinarem o valor de ter uma família e agradecer por ela a cada dia. Aos meus avós estrelas Bigode e Zuleica, por olharem e guiarem meus passos mesmo de outro plano. Eu amo vocês e seu imensamente grata por serem exatamente quem vocês são! <3

 

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