Já pensou em um intercâmbio no México?

Guilherme Renso

Estados Unidos? Canadá? Austrália? Não. A Sofia Bogsan, de São Paulo, escolheu fazer o seu intercâmbio no México. Se você nunca tiver pensado nessa hipótese, confira só os motivos que a fez desembarcar e morar por um ano naquele país. Até eu, que passo longe dos dedos de moça (os da pimenta, não do match), comecei a considerar tal ideia.    

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O voo do Brasil rumo àquela pátria ocorreu em 2012. Sofia foi a primeira colocada na prova do programa de intercâmbio do Rotary, condição que a credenciou para que escolhesse onde gostaria de viver essa experiência. Além da nação na América do Norte, a estudante de relações internacionais poderia ter optado ainda por Estados Unidos, Tailândia, Venezuela e Equador.

“Já tinha ido para os Estados Unidos e, também por isso, o meu inglês é fluente. Quanto aos outros, eu não queria optar pela Venezuela ou Tailândia, uma vez que, nessa segunda, de modo especial, eu não aproveitaria muito o tailandês quando retornasse ao Brasil. Por isso também a decisão pelo México”, conta.

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O primeiro lugar e escolha pelo México

“No Equador o pessoal é muito Quito, né?”, argumentei. Sofia, suportando a péssima piada do jornalista, retrucou: só não coloque essa piada horrível na matéria, caso contrário, as pessoas podem ficar assustadas. Logo eu, o piadista. Mas, voltando ao tema e, ainda como benefício pelo primeiro lugar, Sofia conseguiu também escolher a região do México onde ficaria.  

“Na hora de indicar a nação, eu conheci uma menina da Ciudad Juárez. Ela fazia intercâmbio em Bertioga, litoral de São Paulo. Naquele dia, tive a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o local de origem dela e me interessei”, relembrou com um sorriso nos lábios. Ao todo, durante o intercâmbio, foram três mudanças, todas devidamente programadas antes do embarque.

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A riqueza histórica

Quando lá chegou, um dos pontos que mais chamou a atenção de Sofia foi o apelo histórico do México. Ela detalhou que o olhar para o passado, no aspecto de valorização das raízes e do início da história na pátria, é algo muito forte e presente na cultura deles.

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Falando em cultura, o jornalista curioso quis saber como eram as aulas no colégio. A verdade é que os professores lecionavam matemática, física e informática em inglês. Todo o resto era em espanhol. Além dessa grade, diariamente Sofia, que estava com 17 anos na época e cursando o ensino médio, adquiria conhecimentos em inglês e japonês e latim.  

Depois da escola, a gente quer mais é ir pra casa e almoçar, certo? Pois é. Mas e o conforto no intercâmbio, foi o mesmo nas três casas por onde ela passou? Não. E essa diferença foi muito enriquecedora. “Comecei em uma família mais carente, mas bem estruturada e terminei com uma que possuía um poder aquisitivo melhor” , relata.  

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Falando em Ciudad Juárez, o local faz fronteira com o El Paso, no Texas.  Isso significa que, se o polêmico muro entre os dois países for de fato construído pelos Estados Unidos. Ciudad Juárez deve ser uma das cidades mais atingidas. “Tem gente que mora no México, em Juárez, mas trabalha em El Paso. As fronteiras são cruzadas pelo Río Bravo. Há uma imigração. A fiscalização com a família, que era mexicana, era bem rigorosa”, relembra.  

Por fim, eu perguntei a ela qual a principal dica que daria aos interessados no assunto. A resposta não poderia ser mais encorajadora: esqueça tudo e vá! “Nenhum intercâmbio é igual ao outro. Duas pessoas, que estão juntas no mesmo país, podem estar até na mesma casa, mas nunca terão os mesmos aprendizados. Quem faz o seu intercâmbio é você. Se você passa um ano com receio de provar coisas novas, a viagem será de um jeito. Agora, se você se joga naquela cultura, o intercâmbio será diferente”, conta Sofia, que deixa uma última frase BEM real: Ir é difícil, mas ver que o sonho está acabando e voltar é muito pior.