Relatos de uma intercambista que viveu intensamente essa experiência

Andréia Lima

De viajante para viajante

Relatos de uma intercambista que viveu intensamente essa experiência

Já que o nosso lema é trocar experiências de viajantes para viajantes, quem vai comandar essa matéria é a advogada paulistana Andréia Lima. Déia contará sua experiência em Boston, nos Estados Unidos, nos 11 meses que passou por lá. É com você, Déia.

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Em 2012, durante uma viagem, acabei quebrando o joelho e tive que passar por uma cirurgia. Fiquei três meses sem colocar o pé no chão. Nessa época, em uma noite, sozinha, olhei para a minha vida e constatei que só vivia para o trabalho. Foi aí que decidi que iria fazer um intercâmbio para os EUA. Eu nunca pensei em outro país. Hoje, olhando para trás, vejo muitas lições adquiridas nesse quase um ano. A primeira delas é que aprendemos a viver sozinhos. Aqui em São Paulo, eu moro com a minha família e, ainda que não vivesse no mesmo espaço físico que eles, ainda assim os teria por perto.

Posso dizer que tive muitos melhores momentos, em comparação com aqueles ruins. Mas, nem tudo foi um mar de rosas e, antes de dizer as coisas boas, preciso esclarecer o ponto ruim. Sim, no singular. No dia e hora do atentado na Maratona de Boston em 2013, eu estava lá. E quando digo estava lá, não é somente na cidade, mas sim no local onde as bombas explodiram. Foram momentos de grande tensão, correria, desentendimento... tudo. Ainda tenho lembranças fortes dos acontecimentos.

Chegando à parte boa, todos nós acreditamos que TODOS os japoneses são absolutamente gênios, educados e tranquilos. Não mesmo. Eles devem ter uma concentração maior de pessoas inteligentes, mas existem os normais também. São educados, mas também tem os seus momentos de fúria, com besteiras e palavrões. Só não gostam de ensinar os palavrões em japonês. Isso sim, consideram feio demais. E bom, tranquilidade é tudo o que o Ryota não tinha. Ryota foi um amigo extremamente próximo que tive em Boston. Ele morava no mesmo prédio que eu, por seis meses. Nós também frequentávamos a mesma escola.

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Sobre a convivência com estudantes, quase todos eram mais novos. Na época, em 2013, tinha 26/27 anos. A maior deles vai para fazer faculdade ou uma especialização lá. Ou seja, trafegam entre 18 a 24/25 anos. Claro que existem exceções. No prédio onde eu morava, grande parte era realmente mais nova. Imagina um monte de recém-adultos, de outros países, que estão sozinhos nos EUA, são bancados e, portanto, tem dinheiro para festejar. Combinação perfeita para festas nos aps.

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Voltando à parte cultural, aprendi muito, sobre diversos países. E o interessante é, que nesse tipo de experiência, você pode “provar” para as pessoas que sua comida é gostosa. Então, minhas aventuras gastronômicas me levaram a conhecer diversos tipos de cozinha. Confesso que às vezes tinha certo preconceito, do tipo: Comida Coreana. “Aí credo, vai comer cachorro? Tá louco?”. Não. Não vai comer cachorro. Primeiro que somente em algumas províncias da Coréia do Sul podem criar e matar cachorros para comer. E segundo: é uma iguaria muito cara.

Nesse sentido, uma história muito boa foi o jantar árabe que os árabes (claro, né?) fizeram para alguns brasileiros. Aprendemos a dançar, fumar o narguilé deles, falar algumas palavras em árabe. Eles nos fizeram vestir algumas roupas tradicionais. Roupas estas que, inclusive, só são dadas a pessoas importantes e especiais. Isso mostra que o preconceito existe só até o ponto de você não conhecer aquela determinada pessoa ou raça ou religião, sabe?

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Pelo âmbito esportivo, Boston é uma cidade realmente torcedora, que gosta dos seus times, que aplaude seus jogadores. Os quatro esportes mais vistos em Boston são: Basquete, Baseball, Futebol Americano e, o meu predileto, Hockey. Infelizmente, não fui a tantos jogos do meu time favorito: Bruins (hockey). Primeiro que eles estavam ganhando demais, então, muitos jogos já não tinham ingressos. E segundo, que os ingressos ficavam mais caros a cada vitória deles. Considerando que naquele ano eles ganharam a Stanley Cup (vitória do lado leste) e foram jogar a final do Campeonato. Perderam, mas não foi feio.

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Hoje, olhando para trás, vi que foi a melhor decisão que tomei. Acredito, inclusive, que já esteja na hora de fazer outro intercâmbio, pois estou novamente na loucura de viver somente para o trabalho. Preciso de freio, e, aparentemente, meu freio são os EUA.


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