Conheça o Robertão, o atleta que vive correndo (e viajando)

Guilherme Renso

“Você chegou primeiro que eu, em? Passou por mim, lá atrás”, exclamou com ares de admiração uma jovem, no auge de seus 30, 35 anos, no máximo, a outro jovem, de 74. Bem corridos, ou melhor, vividos. Vestindo uma suada camisa laranja, pano que sustenta a palavra Robertões, e segurando um copo de alumínio, cheio até a metade com a água retirada de um filtro de barro, Roberto Mota, o Robertão em pessoa, começa a contar sua história de corridas pelo Brasil e fora dele.

Morador de São Caetano do Sul, cidade do ABC Paulista, e presidente da turma de corrida que leva o seu nome, Roberto começou no esporte aos 20 e poucos anos. Jogava futebol. Mas aí veio o amor, a vida de adulto, a mudança de Votorantim, cidade no interior de São Paulo, para a capital paulista, o emprego em uma montadora de carros e as chuteiras foram penduradas. Depois ele cresceu profissionalmente, chegaram os três filhos, os oito netos, a aposentadoria, os dias livres, a ausência do que fazer e, por fim, a depressão.      

“Eu sofri por dois anos. Nesse meio tempo, quando eu dava umas corridinhas, isso aos 56, 57 de idade, percebia que a cabeça ficava melhor. Até que eu fui vencendo a doença e, as corridas, junto com algumas viagens para disputar provas, entraram de vez em minha vida”, explica Roberto, que sempre gostou de viajar a passeio. Irlanda, Itália e a Ilha de Malta são alguns dos destinos por onde o aposentado já passou.

Mas, Roberto vibra mesmo é quando recorda a viagem à capital da Argentina. “Foi em 2011. Nós estávamos em 22 pessoas. Buenos Aires é toda plana e eu completei o percurso de 42 quilômetros em 4 horas e 8 minutos, sendo esse o meu melhor tempo. Isso aos 68 anos de idade. Ainda naquele país, tivemos tempo para fazer turismo: comemos em churrascarias típicas, andamos até a Casa Rosada, passeamos pela Avenida Nove de Julho, visitamos o cemitério onde está a Evita Perón e fizemos um City Tour. Sou torcedor do Corinthians, mas admito que conhecer o La Bombonera, estádio do Boca Juniors, foi de arrepiar”, conta Roberto.

Em território nacional, o atleta conta que já foi disputar corridas no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. Na cidade maravilhosa, Mota aproveitou para conhecer o Cristo Redentor e o Bondinho do Pão de Açúcar. Já na capital do Rio Grande do Sul, onde fez a Maratona daquela cidade, dedicou algumas horas para conhecer o estádio do Sport Club Internacional e outras atrações.  

Se em Buenos Aires a geografia apresenta-se plana, o mesmo não se pode dizer da cidade serrana, no estado de São Paulo, de Campos do Jordão. Naquele município que recebe milhões de turistas nas épocas mais frias, principalmente motivados pelo Festival de Inverno, Roberto correu 18 quilômetros, em um percurso do centro até o pico da cidade.

No fim da conversa, ele cruza a linha de chegada afirmando que muitas corridas, e viagens, ainda estão por vir.