Radicalizar, se superar e a velhice não alcançar

Guilherme Renso

Quero ir pedalando até o céu. Essa frase, dita por Beatriz Pianalto de Azevedo, em entrevista ao Mochilaí na ocasião de sua mais recente passagem pelo Nepal, isso mesmo, Nepal, traduz a alma da gaúcha de 64 anos. Mas, aí você pode estar pensando: “Claro. Ela fez isso a vida inteira”. Na na ni na não. Bea, como gosta de ser chamada, só entrou nesse universo de escaladas, bicicletas e trekking aos 50 anos. E você aí, achando que já é tarde para começar alguma coisa.

Pegando como dicas as jornadas já vividas por essa cidadã do mundo, vamos agora apresentar alguns lugares por onde ela passou e que você também pode ir. Se tiver medo de altura, vá com ele mesmo. Afinal, foi para vencer essa e outras barreiras internas que a nossa personagem da vez começou no turismo de aventura. “Dentro dos meus medos, cada dia eu mato um leão. Cada etapa, é um desafio”, explica Bea.  

Uma de suas lembranças mais marcantes é o Pico da Neblina, localizado na cidade de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas. Ele é o mais alto do Brasil, com exatos 2995.30 metros. Para chegar até lá, é necessário ter um bom preparo físico, já que a frase “continue a andar, continue a andar”, é a máxima do aventureiro. Quem tem experiência, como Bea, afirma que se trata de uma das trilhas mais difíceis do Brasil. Mas, só fôlego não basta. Coloque na mochila também bons quilos de planejamento, espírito de equipe (ir sozinho? nem a pau, Juvenal.) e, por último, mas o principal: preparo emocional. “Foi o mais top de todos. Viagem maravilhosa e incrível”, resume Bea.

Saindo no território nacional, a gaúcha também contou-nos sobre suas aventuras por algumas das montanhas mais famosas do mundo, como a Huayana Potosi, na Bolívia, em plena Cordilheira dos Andes. A amante da natureza também fez o vulcão Lascar, no Deserto do Atacama, território chileno. “Eu estava com uma amiga. Fomos juntas até o cume”, relembra com orgulho.  

Antes de ir pedalando até o céu, Bea aproveita para exercitar essa prática entre nós. Um de seus lugares preferidos é no Rio Grande do Sul. Mas, mostrando que não há limites para viver novas emoções, também já percorreu caminhos sob duas rodas em locais como o Uruguai, a Argentina e, dentro do Brasil, pelas terras de Alencar, o Ceará.   

Cenários para escrever novas histórias é o que não faltam. Quando perguntamos se ela pensa em parar, a resposta vem da forma que Bea mais gosta, com metáforas sobre viagens. “Só se eu não puder mais. Quando a minha saúde não aguentar. É o que digo para os meus amigos: vocês só me verão tomando um Expresso na Itália, quando eu não puder mais caminhar”.