Depois da chuva vem a bonança
Amanda Bezerra e Rodrigo Guimarães
Argentina com o pé direito e 2019 com o coração cheio de expectativas, mas na prática o propósito do trabalho voluntário parecia não desengatar. Esgotamos as possibilidades e sem sucesso, a partida de Rosário seria direto a Mendoza. Passaríamos dois ou três dias na terra do vinho e seguiríamos ao Chile.
Viajando com responsabilidade
Até Mendoza havia um longo caminho, cerca de 900km. Como não gostamos de viajar exaustivamente decidimos dividir o percurso e fazer uma parada para descanso em Rio Cuarto. Pelo AirBnB encontramos um quarto com preço bem convidativo na casa de uma família. Com tudo planejado, colocamos as malas na Magrela e saímos. Pela frente teríamos cerca de quatro horas e meia de estrada, isso sem considerar a chuva absurda que pegamos no meio do caminho.
Nossas roupas são impermeáveis, mas ainda assim colocamos as capas de chuva. De nada adiantou, pois era tanta água que caia. Nunca havíamos passado por uma chuva tão forte por tanto tempo, foram quatro horas sem parar. Para piorar a situação, erramos a entrada da cidade e o retorno mais próximo estava a 30km. Mas enfim, depois de sete horas chegamos ao destino. Os dois estavam ensopados, com muito frio, emburrados e irritados. Mas, não havia mau humor que resistisse a um banho, um cafezinho quente, uma chipa e a cia de um casal super boa onda.
A magia de viajar e fazer novos amigos
Conversa vai, conversa vem, em duas horas já éramos todos amigos. Julián e Coti não só nos receberam bem como compartilharam suas histórias conosco. Administradores e consultores de negócios, motivados pela paixão de cozinhar e por uma grande transformação alimentar que haviam passado recentemente, decidiram abrir uma empresa de delivery de comida sem glúten. Seu público é especialmente celíacos, mas atendem também pessoas que com outras intolerâncias alimentares como a lactose, por exemplo. Eles recriam com muito amor as receitas tradicionais, adaptando-as para que sejam saudáveis e atendam a todos.
Até ali estávamos encantados com a ideia e com a mudança de vida que eles decidiram ter. Mas não era só a mudança que tínhamos em comum, eles também são apaixonados por viagens. Como bons aventureiros, logo que abrimos nossa jornada e um pouco da frustração que tínhamos por não ter conseguido um trabalho voluntário, eles quiseram nos ajudar.
A família de Julian estava passando as férias em sua casa de veraneio, há cerca de 120km dali, em uma cidade chamada São Francisco Del Monte de Oro. Eles descreveram como um lugar simples, mas grande e com muitas coisas para arrumar. Além disso, nos contaram as paisagens como se estivéssemos no filme Senhor dos Anéis, com extensos campos cortados por rios e montanhas. A ideia de estar em contato com a natureza nos pareceu fantástica já que vínhamos de vários dias em uma cidade grande como Rosário.
Abrindo portas
Na mesma hora Julian ligou para seus pais, resumiu toda a história e lhes perguntou se poderiam nos receber e compartilhar as tarefas da casa conosco, como um trabalho voluntário mesmo. Naquele momento imaginamos nossos pais no lugar deles e como tudo isso soaria uma proposta estranha e repentina. Mas, também nos mostrou o quanto nós mesmos não estávamos totalmente convencidos daquilo que nos propomos e que precisaríamos abrir nossas cabeças para enxergar as possibilidades que teríamos a explorar.
No dia seguinte, a família de Julian confirmou, estavam nos esperando. Pegamos as malas e fomos em busca do nosso primeiro voluntariado internacional. Como foi esta experiência? De início combinamos que seria um experimento e ficaríamos por três dias, no final, passamos 11 dias lindos com a família Escudero Romano. Mas, os detalhes nós contamos próxima matéria, não perca porque este capítulo foi um dos mais bonitos e emocionantes para o Journey2World.