São Paulo ganha farol de história, arte, cultura e empreendedorismo

Raissa Rossini

Sim!! Ele voltou. O meu, o seu, dos seus pais, avós, e de tantos outros: o nosso Banespãoque será reaberto em pleno dia 25 de janeiro, data do 464º aniversário da Sampa desvairada. O prédio, localizado bem no meio do mar de concreto, que recebe diariamente ondas poliglotas de gente, acenderá suas luzes, feito um farol, essa noite.

Assim como o primeiro farol, construído 200 anos antes de Cristo, este pretende guiar os navegadores, ou melhor, os moradores e turistas da cidade pulsante, até a arte, história, cultura, lazer e ao futuro. O edifício Altino Arantes, que os nonos e nonas nos apresentaram um dia como Banespão, a partir de hoje passa a ser conhecido como Farol Santander.

Nós, loucos por novidades que somos, visitamos o Empire State paulistano no último final de semana e queremos convidar você a pegar o elevador com a gente. De andar em andar, vamos conhecer o prédio que é patrimônio histórico, arqueológico, artístico e turístico do Estado de São Paulo.

Mas antes de chamar o elevador, nossa dica é ir até lá de metrô. A estação mais próxima é a São Bento, que fica na linha azul.  Dê uma olhadinha no mapa do Metrô antes de sair de casa.  Assim que chegar na estação São Bento, procure a saída da Rua Boa Vista. De lá, são só dois minutinhos de caminhada até a Rua João Brícola, 24 (se ela estiver aberta, pois o metrô costuma fechá-la aos finais de semana). Outra opção, se você estiver adiantado, é sair pela praça São Bento e dê uma passadinha na igreja de mesmo nome. Sua arquitetura é encantadora (logo, logo falaremos dela aqui no portal).

Ao caminhar pela calçada, não tem como não entrar no clima da São Paulo antiga, principalmente quando passar pelo prédio da Bolsa de Valores, do Banco de São Paulo e de tantos outros edifícios com arquitetura de uma cidade em franca expansão na década de 1920. O único fator que pega você pelo nariz e te faz voltar à atualidade, é o cheiro forte de urina, além dos calçadões deteriorados, que têm buracos do diâmetro de rodas de carro.



Chegando à porta do edifício, o visitante já é recepcionado por um hall art decór (o mesmo estilo do Empire State), com um telão que descreve as atrações dos andares e um imponente lustre de cristal que mede 13 metros. Agora, se só o lustre tem essa medida, imagina a altura desse pé direito? É pra boneco de Olinda nenhum botar defeito. Sob os pés, placas de mármore e moedas de bronze.  Depois de comprar o ingresso do lado direito (perto de um cofre antiquíssimo do banco do Pará) e passar pelas catracas do lado esquerdo, podemos enfim, entrar no elevador (que poderia ser mais interativo e menos barulhento, para que pessoas com fobia, como eu, não vissem o tempo passar).

2º andar
A visita começa sob o pilar memória. Somos convidados a entrar em uma sala de espelhos. O filme, que conta uma breve história do edifício e da cidade, pode causar em alguns um certo mal-estar, devido às imagens estarem refletidas de todos os lados. No entanto, devo confessar que um cisco caiu nos olhos dessa redatora que vos fala. Me lembrou até a apresentação no One World Observatory, sobre Nova Iorque (falaremos sobre ele em breve na editoria Partiu Diversão). Ao final, passamos por uma sala com painéis que contam curiosidades e a história do edifício. Confira um pouquinho do filme:

3º andar

Para chegar neste andar são dois lances de escada, onde se observa a arquitetura original do prédio (não faz parte da exposição, mas é de se admirar). O terceiro andar reproduz cenários de como o sistema bancário funcionava em 1940. Objetos e ambientes estão expostos para visitação, assim como um sistema interativo de investimento. Claro que fiz o meu. Investi  cr$ 50.000,00 cruzeiros (#tôryca #beijomores).

 4º andar

Subindo mais um pavimento, encontramos a vista do edifício, em 360º, a partir do olhar do artista paulistano Vik Muniz. Com fotos tiradas do 26º andar e mais de 10 toneladas de sucata, ele produziu seis painéis. As fotos abaixo expressam a magnitude desse trabalho.

5º andar

Aqui está preservada a antiga sala de reunião utilizada pela diretoria do Banespa. Os visitantes também encontram retratos do banco, incluindo um do senhor Altino Arantes, o décimo governador do estado de São Paulo e que dava nome ao prédio. Alguns dos móveis originais foram produzidos pelo Liceu de Artes e Ofício de São Paulo, fundado em 1873.

8º andar

Em parceria com a Endeavor, maior organização de apoio ao empreendedorismo brasileiro, este andar será palco da Arena de Economia Criativa. O local terá como principal objetivo promover encontros, palestras e seminários para debater assuntos de empreendedorismo, ideias criativas e de economia. A primeira atividade será no dia 3 de fevereiro e terá “MODA” com tema. Confira programação.

21º andar

Uma pista de skate sobre o céu de São Paulo e idealizada por Bob Burnquist? Isso mesmo! O 21º andar tem uma pista de skate exclusiva, de 300m² e com vista para a cidade. O circuito street possui estrutura para receber iniciantes e avançados. O custo é de R$ 50,00 a hora.

22º e 23º andar

Dedicados à arte, os dois andares abrigarão instalações de dois artistas diferentes (nacionais e estrangeiros) sobre o mesmo tema. A primeira temporada está aberta, até 04 de maio, com a exposição do russo Tundra, e da paulistana Laura Vinci.

25º andar

Que tal passar algumas noites nesse endereço icônico? É só acessar o Airbnb e reservar o loft de que fica no 25º andar, por uma diária de R$ 4000,00. Ah, o local ainda pode ser reservado para festas com até 50 pessoas. Dizem por aí que a Banda Foo Fighters se hospedará lá em sua passagem pelo Brasil, em fevereiro.

26º andar

O mirante ganhou placas de vidro e a princípio pode parecer pequeno, mas a visão 360º da cidade, com direito à vista da Serra do Mar, do Pico do Jaraguá, do Minhocão, da avenida Paulista e dos edifícios do centro, inclusive o Martinelli, vale a pena.

O andar também ganhou um café com decoração inspirada nos anos 1940 e no Empire State, onde são servidos almoços executivos e brunch aos finais de semana. Um detalhe que pode passar despercebido são os holofotes da época da inauguração do edifício, que foram restaurados e hoje são peças de destaque na decoração.

As 124 luminárias do topo do prédio serão acesas hoje, às 20h30. E a partir de sexta-feira (26) as portas serão abertas ao público. Os ingressos para a visita completa custam R$ 20,00 e clientes Santander têm desconto. Ainda há entradas disponíveis para sexta, sábado e domingo, confira.