Tim-tim: vai um licor de merda aí?

Guilherme Renso

Imagine a cena: minha mãe e eu descendo do carro, na entrada do Teatro Ópera de Arame, em Curitiba, quando de repente, não mais que de repente, salta-me aos olhos, do outro lado da rua, uma placa. Nela estava escrito “Licor de Merda”. Logo abaixo, outra, ainda mais intrigante, que desafiava: “gelado e cremoso. Vai encarar?”. Confesso que li e reli sobre a merda algumas vezes. Não seria menta? Não. Não era. Eis ali o legítimo e literal licor de merda.

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Uma parada antes

Como a loja ainda estava fechada, lá fomos nós visitar o nosso destino, que era o Ópera. Aliás, vocês já leram a matéria que preparei sobre esse assunto? Vou deixar o link no final do texto. Eu amei a experiência naquela estrutura e contei várias curiosidades, que inclusive a pessoa que vos fala desconhecia até então. Mas, voltando ao assunto, assim que saímos do Ópera, adivinha só onde fomos parar? Exatamente. Uma simples descarga na atração anterior e fomos transportados diretamente até a inusitada fachada.

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O dito cujo

Brincadeiras, trocadilhos a parte e, apesar do carro-chefe da casa carregar uma  dose generosa de escatologia, o ponto é bem legal para quem procura souvenires da capital do Paraná. Tem chaveiros, camisetas, enfeites, outras bebidas e, claro, o Licor de Merda, que custa R$ 20,00 e é servido nessa canequinha que você pode ver na próxima foto. A apresentação do produto inclui um penico. De fato, o licor é gelado, tem um gosto até que palatável (lembra um pouco o sabor de caramelo) e o cliente pode levar pra casa aquela canequinha.  A garrafa, inteira, custa mais de R$ 100,00. Na minha opinião, por ser um Licor de Merda, custa o olho da cara. Da cara.

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A origem da Merda

Mas que história é essa de Licor de Merda? Hora da explicação. Segundo consta, a prosa nos remete aos portugueses, mais precisamente na década de 1970. Naquele tempo, o momento político em terras lusitanas era deveras conturbado, uma vez que estava rolando uma insatisfação geral com a Ditadura do Estado Novo, em vigor desde 1933, hora pois. Agora eu me senti o professor barbudo e cabeludo de história.

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Mas, voltando aos lusitanos, foi nesse cenário que, em 1970, para homenagear (só que não, né?) os ilustres políticos da época, o comerciante Nuno Sérgio, locado em Cantanhede, criou o Licor de Merda. Será que foi enquanto ele passava um fax, perguntaria o intrépido jornalista? Eu ainda descobri que, logo na sequência, várias combinações foram desenvolvidas, como mouse e Caipimerda. Loucura, né?

Por hoje é só, viajante. Até a próxima.

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