O que ninguém me contou sobre Machu Picchu e Cusco  - parte 1

Bia Pegoraro

Vou contar uma coisa aqui que pode fazer com que vocês me levem a mal, ou, na melhor das hipóteses, leiam essa conversa até o fim, também para entender o motivo da minha insanidade. Conhecer Machu Picchu não era meu sonho. Ufa! Soltar isso foi quase como quando eu assumi, para os meus amigos de infância, que eu sempre odiei assistir Chaves, mas fazia para socializar.

Não, não quis socializar com os quíchuas, apesar de ser apaixonada por todas aquelas cores tramadas à mão, fio a fio, que compõem tecidos de arrancar o oxigênio dos pulmões – acho que ainda estou sob efeito do ar de Cusco. O que aconteceu foi um pouco mais intransigente. Eu já havia ido ao Atacama e à Patagônia. Na minha ideia de aventureira (na verdade eu só penso que posso ser, porque sou uma medrosa registrada em cartório), faltava conhecer as ruínas do povo inca. Mas, eu não queria chegar lá como a maioria dos turistas. Eu quis ir andando.

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Claro que, quando você procura os meios para fazer isso, é tudo maravilhoso. Os blogs, as hashtags no Instagram... tudo é lindo. As imagens do lago Humantay foram as grandes culpadas. Onde já se viu existir uma lagoa azul daquelas? Pensei, ‘eu vou lá – e andando’. Foi inclusive por causa do Humantay que optei pela trilha Salkantay, ao invés da tradicional Trilha Inca – muito procurada por turistas do mundo todo. A chegada dela é diretamente pela Porta do Sol, em Machu Picchu (explicarei melhor depois). Além do mais, muitos relatos de pessoas que haviam percorrido a Salkantay me pegaram em cheio: paisagem exuberante, neve e clima tropical, média dificuldade, preço mais em conta, bem como grupos menores e mais privativos.

A procura da agência perfeita

Decidida a fazer o passeio, fiz o que muitos não fazem: primeiro paguei o trekking com a reserva de datas e depois fui atrás das passagens aéreas. Dizem por aí que a trilha Salkantay não tem muito problema de reserva, mas não é verdade. Pelo menos na agência que eu fui, a procura pela Salkantay Trekking é gigantesca.

Encontrei a agência pelo Google, sem que ninguém tivesse me indicado ou coisa parecida. As avaliações pelo Trip Advisor eram inúmeras, e, assim que enviei um e-mail pedindo informações de datas para setembro, fui atendida. Esse lance de retorno de mensagens faz uma diferença enorme quando você tenta resolver assuntos à distância, ainda mais quando se trata de um passeio de quatro dias no meio do nada.

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A viagem (parece tema da novela, e é quase mesmo uma)

O começo do trekking estava marcado para um domingo, às 4h da matina. E sim, é verdade que você precisa acostumar com a altitude. Pensando nisso, comprei minhas passagens de SP>Lima>Cusco para uma sexta-feira, calculando que até domingo eu estaria em perfeitas condições físicas. Não quero assustar ninguém, porque cada organismo reage de um jeito, mas eu não me senti confortável em Cusco. Não consegui ingerir bebida alcoólica e não senti fome. Para quem me conhece, isso é muito próximo de um milagre. Pensei comigo ‘estou esquisita’.

Mas todos os sintomas que eu estava sentindo, completamente evaporaram quando eu entrei na van que nos levaria até Mollepata, cidade localizada a 100 quilômetros de Cusco. O que já me fez sorrir de alívio, pois eram 100 a menos que eu teria que andar.  Quando fomos praticamente ‘desovados’ da van, percebi que a coisa já tinha começado, freneticamente, e nem tive tempo de, sei lá, fazer uma pequena oração, passar um protetor labial e pingar meu inseparável Neosoro. Daí em diante, foi só chumbo grosso e, por vezes, nesse domingo histórico da minha vida pensei: o que foi que arrumei para a minha cabeça? Nesse caso, panturrilhas e coxas.  

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Está gostando? Espero que sim. Essa história continua no próximo texto, que será divulgado ainda esse mês. Fique de olho no Mochilaí!  

 


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