O que ninguém me contou sobre Machu Picchu e Cusco - parte 2

Bia Pegoraro

Continuando a contar como foi a minha experiência em terras peruanas,  estava em uma subida que parecia não ter fim. Lembrei das aulas de educação física no ginásio (se você nasceu esses dias não vai saber o que é isso). Lembrei dos treinos de cárdio que não fiz na academia e de todos os maços de cigarro,  além dos domingos de ressaca que amarguei e dos meus amigos me dizendo ‘você é louca de ir nesse rolê em Cusco’. Pedi tempo. Bebi água. Bebi tanto que não fiz as contas do que eu teria pela frente. Eu era uma comediante do meio de montanhistas profissionais. Se se tratasse de um Big Brother, facilmente seria a bola da vez.

Ao contrário disso, a minha equipe era sensacional. Claro que não precisou de muitas horas de convívio para que eles sacassem meu notável desempenho. Mesmo assim, o começo da trilha foi o que mais cansou. Ao alcançarmos certa altura, o grupo seguiu por um caminho praticamente plaino, e eu estava novamente sorrindo. E com fome.

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Chá de coca e a ajuda do uber horse

O mais legal de tudo é que você segue a trilha olhando para a montanha Humantay. E eu sabia que o lago estaria abaixo dela. Isso dá um certo gás. Claro que o chá de coca também ajuda nesse desempenho. Levei comigo uma garrafa térmica e sempre que os meus amigos speed racers paravam, eu bebia um gole.

Incrível - e acho superimportante ressaltar aqui - é que todos os sintomas que tive de mal-estar em Cusco simplesmente não apareceram na trilha, em nenhum dos quatro dias, mesmo atingindo quase 4700 metros de altitude. Magias da montanha. Porém, todavia, entretanto, contudo e ainda assim, eu precisei recorrer ao uber horse. Vamos à explicação dessa aventura,

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Ainda no primeiro dia, no horário do almoço, ao chegar ao acampamento sensacional chamado Salkantay Sky Camp, onde as barracas de dormir são iglus de vidro, eu já estava angustiada pela minha incapacidade física. Você que está lendo isso aqui, não se assuste. Trata-se de um depoimento muito pessoal, onde eu assumo que sou uma pessoa que desisto fácil, logo nas primeiras dificuldades. E é exatamente por esse motivo que a trilha Salkantay quebrou paradigmas. Precisei enfrentar minhas dificuldades e assumir riscos. Não havia a menor possibilidade de voltar atrás. Eu estava sozinha, falando outro idioma e só podia contar com duas coisas: minha concentração e com os nuevos soles que eu carregava na bolsa $.

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Respira fundo e vai

Existem cavalos durante todo o percurso que levam a bagagem adicional, incluindo sacos de dormir, comida, malas e pessoas, como eu e outros tantos viajantes que acordaram moídos no segundo dia de trekking. Tomar essa decisão não foi simples. Primeiro porque morro de pena dos animais. Isso foi muito mais doloroso do que gastar 150 soles nesse uber horse. Em segundo, eu sofri ao decidir pegar a carona porque não era o que eu havia planejado. É óbvio que quando optei por fazer essa viagem, eu só pensava que chegaria a Machu Picchu, como quem cruza a linha de chegada na maratona de NY.

Mas as condições foram outras e eu precisei respeitar meu corpo. Subi no cavalo, disse no seu ouvido que sentia muito por fazer aquilo com ele e seguimos. Subimos horas. E, o que os meus olhos avistaram de cima daquele animal, eu jamais esquecerei. Mas isso eu vou contar em novembro. Espeeera que tem muita aventura nos andes pela frente.

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MAIS SOBRE ESSA TRIP INCRÍVEL: 

O que ninguém me contou sobre Machu Picchu e Cusco - parte 1