Quando a viagem de volta vira uma aventura

Guilherme Renso

 

Viagem boa que é viagem boa, de raiz mesmo, precisa ter pelo menos uma boa história pra contar. Eu, no meu caso, tenho várias, mas vou compartilhar a mais recente delas, ou melhor, aquela que estou vivendo enquanto começo a escrever essa conversa.  Hoje à noite eu tinha um voo de volta para o Brasil. Ou melhor, um não, dois. Nós partiríamos de Boston, seguiríamos até NY (Newark Internacional) e, de lá,  decolaríamos rumo à Pátria Amada, Idolatrada, salve, salve. 

Tudo ia muito bem, obrigado, de nada, até a próxima. See you, Boston. Só que não. Eis que, na cara do gol, Marcelinho Carioca contra Marcos em jogo de Libertadores, o telão do Pacaembu, digo, do portão de embarque 34 b do Aeroporto de Boston, lança a calcinha bege: estimaded: 20h23. Ou seja, às 19h22 impressa na passagem já tinham ido pro saco. O motivo dava pra ver pela janela do aeroporto: neblina. E bota neblina nisso. Mal dava para ver os aviões. 

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Pense rápido, viajante. Se vai atrasar em uma hora, eu vou aterrissar em NY às 21h40, isso se o voo não mudar de horário novamente. “Mas o segundo voo, que sairia às 22h05, espera, claro”, pensei com meus botões. “Nem se fosse Santos Dumont”, respondeu o brasileiro que estava ao meu lado, na mesma situação. 

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Àquela altura do campeonato, se nada mais ocorresse de errado, nos restaria 25 minutos para descer do 14 Bis, achar o novo portão e embarcarmos novamente. E se não chegássemos? As malas iriam para o Brasil e nós ficaríamos, em NY, só com a roupa do corpo. Dica: sempre tenha, na bagagem de mão, uma muda de roupa.

Então, com a rapidez de um Boing, perguntei se era possível resgatar as malas, já despachadas. Defendeu Marcos!! Sim. Esteira sete, a metade de 14, Bis. A última. No final do corredor, perto de um “simpático” funcionário do aeroporto, que falava português do Brasil fluentemente, tinha a palavra “brasileiro” escrito na testa, mas negou que o era.

Já no outro dia, a situação estava um pouco pior. Mais frio e muito vento gelado, como nunca havia visto. Sabendo disso, tratei de tentar manter a calma. A opção voltar para trás, novamente, não existia. Cheguei antes, comi um lanche, andei pelo aeroporto, comprei uma almofada de pescoço e já estava na hora do embarque, só que não.  

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Mais atrasos, indefinições, desinformações, funcionários grossos, outros legais, mas o voo mesmo, nada. “Eu ir para casa”, dizia Tom Hanks, com seu personagem que tinha um Q de Forrest Gump no filme “O Terminal”.

Só queria decolar. E conseguimos. Demorou, mas conseguimos. Mais de três horas depois do previsto. Quando entrei no segundo avião, correndo, como se pode imaginar, aquela sensação indescritível de “ufa”. Agora são “só” mais nove horas. O Brasil é logo ali! Woohoo!!

Essa foto eu tirei um dia antes da primeira tentativa de embarque. Caiu uma neve bem fina. Já era de se suspeitar o que viria pela frente.

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