Viajando em Zonas de Conflito

Flavia Krenkel

Olá, pessoal. Vou continuar contando a partir de agora a minha viagem por zonas de conflito. Para quem está chegando agora, a primeira parte dela está aqui.  Como eu ia dizendo no final do primeiro texto, chegando em Cairo nós fomos apresentados ao Nasser, um dos melhores guias que já conheci. Como estávamos num grupo pequeno ele disse que nos levaria para conhecer, além dos pontos turísticos mais famosos, as atrações onde os locais iam para se divertir.

Egito-Cairo-Piramides

O primeiro lugar que fomos conhecer foi o Museu Egípcio do Cairo. Nesse momento o Nasser explicou que o trânsito do Egito era uma loucura. Eu achei mesmo muito parecido com aquelas cenas que vemos do trânsito da Índia, com vários carros cruzando e buzinando ao mesmo tempo. Bom, por isso ele nos disse: “Se vocês ficarem olhando para os carros vocês vão paralisar de medo. Não olhem pros carros, olhem para mim. Tudo que eu fizer vocês fazem também.”

Guerra Civil e tanques de guerra na rua

E foi assim, cruzando cinco faixas de carros (sem faixa de pedestre e sem semáforo), que nós conseguimos chegar na rua do museu. Assim que chegamos, o Nasser deu mais um alerta: “Nosso país está passando por um período de conflitos, estamos em guerra civil, por isso vocês verão alguns tanques de guerra na rua, mas é só ficar do meu lado que dará tudo certo”. Nesse momento eu pensei: “Que? Como assim?”, percebi o como fomos imprudentes e que deveríamos ter pesquisado melhor sobre a nossa ida ao Egito.

Bom, já estávamos lá, o que dava para fazer era seguir tudo exatamente como o guia nos orientava. No caminho realmente cruzamos com tanques de guerra e homens armados até os dentes que riam da nossa cara de medo. Finalmente chegamos na entrada do Museu. Ufa! Já estava aliviada, o prédio do lado estava destruído por bombardeios, mas felizmente o museu sobreviveu ileso. O museu foi incrível, todos os passeios foram, mas como comentei na primeira parte, o meu foco hoje é relatar as nossas ciladas.

Cairo-Museu-Egito

Delícias e tensões 

A viagem seguiu sendo intercalada por lugares incríveis e por momentos tensos, ambos de tirar o fôlego. Com o roteiro todo concluído era hora de voltar para Tel Aviv, afinal era de lá que nosso voo de volta para Budapeste saía. Bom, a relação entre Israel e Egito não é nada boa. Quando chegamos no aeroporto de Tel Aviv e viram o visto do Egito no nosso passaporte o tempo fechou. Viram que estávamos com uma mala grande (nós seis estávamos usando a mesma mala) e começaram a questionar se a mala ficou sozinha em algum momento, se achávamos que alguém poderia ter colado alguma bomba na nossa mala e se nos responsabilizávamos por tudo que tinha na mala.

Ficamos muito tensos com toda a situação. Após olharem a mala, nós fomos divididos em três duplas, eles avisaram que todas as duplas seriam questionadas sobre alguns assuntos, foi perceptível que eles queriam saber se todos iriam responder a mesma coisa ou se a história teria algum furo. Pois bem, a primeira dupla foi chamada e foi bombardeada de perguntas. Aparentemente todas as respostas foram o suficiente e o restante do grupo foi liberado. Ufa! (2) Deu tudo certo e voltamos para Budapeste com muitas histórias para contar. 

Egito-Cairo-Passeio-Camelo

Eu amei os dois países e posso dizer que sim, vale a pena conhecer os dois. Mas é muito importante pesquisar bem antes de viajar, principalmente quando o destino é marcado por tantos conflitos. Eu não me arrependo de ter feito essa viagem, mas faria de modo diferente. Conheceria os dois países de modo separado, para não utilizar fronteiras terrestres. E o Egito, eu iria num momento mais tranquilo e ficaria mais tempo para aproveitar os resorts do litoral paradisíaco do país.

Egito-Cairo