Quando o imigrante começa a caminhar com as próprias pernas

Mayara Tabone

           Eu sempre soube, mas foi somente após morar nos Estados Unidos que eu realmente percebi como esse o país é do capitalismo e do consumismo. As pessoas ganham e gastam muito dinheiro, o dia inteiro e o tempo todo. Enquanto imigrante ou fazendo intercâmbio por mais tempo, há diversas batalhas e dificuldades que temos que enfrentar e vencer a cada dia. Porém todas elas trazem o gostinho da vitória e sensação de dever cumprido.

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           Uma dificuldade que encontrei quando decidi morar fora foi conseguir fazer as coisas no meu nome, com independência, como por exemplo, alugar um apartamento, comprar um carro e ter um cartão de crédito. Para todas essas coisas, aqui nos Estados Unidos eles checam seu crédito. O sistema de pontos é bem rígido e de acordo com seu histórico de pagamentos e não tão relacionado com a sua renda mensal/anual. Claro que, com vários zeros na sua conta bancaria a vida fica mais fácil, mas são poucos os imigrantes, principalmente estudantes, que vem com esse privilégio.

           O detalhe importante é que para a pessoa poder iniciar esse processo de crédito, ela precisa de um Social Security Number (SSN), que é como o CPF no Brasil. Não é tão simples de conseguir quando você é imigrante. Geralmente só é possível quando se tem autorização ou permissão de trabalho. Eu, como estudante, não tinha quando cheguei, mas como vim como Au Pair (morei com e trabalhei para uma família Americana) há alguns anos, consegui tirar o meu e, uma vez que você tem esse número, ele é seu por toda sua vida.

           Existem casos que estudantes conseguem o SSN quando trabalham na faculdade, fazem estágio permitido pela faculdade, ou no período de OPT (permissão de trabalho pós-formação acadêmica).

 

Cartão de crédito

           Com o SSN em mãos, a melhor forma de construir crédito é pedindo um cartão de crédito seguro para o banco, no qual você tem conta. Você deposita um valor (geralmente a partir de $300) e esse será o seu limite e crédito. Após isso, o ideal é não ultrapassar a utilização de 30% do valor do limite e pagar a fatura integralmente todo mês. Melhor ainda se for no débito automático. Foi isso que eu fiz e em cerca de oito meses, recebi uma carta do banco me devolvendo o valor que coloquei como depósito, transferindo meu cartão para um cartão regular e aumentando meu limite.

Outra forma que ajuda, após uns dois ou três meses de histórico do cartão de crédito seguro, é solicitar cartão de lojas, como Amazon, Victoria’s Secrets, Macys. São cartões que você só usa na loja, mas são mais fáceis de conseguir e ajudam bastante com o quanto de limite você tem disponível. Claro que não vai ser uma boa ideia solicitar todos de uma vez. ;)

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A recompensa

           E por que mesmo eu estou falando tudo isso? Para chegar a ponto de dizer que após um ano e meio eu estou começando a caminhar com as minhas próprias pernas, fazer as minhas escolhas sozinhas e ser totalmente responsável pelas minhas conquistas. Quando cheguei precisei do apoio de um primo/anjo da guarda para alugar meu apartamento. Recentemente mudei de apartamento e esse novo está no meu nome. Consegui ter crédito para isso, comprovar renda para isso e me sentir completamente dona do meu nariz. Acho que todo mundo sente prazer em ter essa sensação, mas acho que quando você é imigrante, passa por tantas barreiras e dificuldades, esse momento se torna ainda mais satisfatório e quis compartilhar isso com vocês.

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           Mais uma vez eu digo: cada passo que dou aqui vem cheio de esforço e incertezas, mas também carregado de gratidão e satisfação. Imigrar não é fácil, mas é uma aventura repleta de superações.

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